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Videoenteroscopia por cápsula

Notícia em: Jornal da Madeira - PUBLIREPORTAGEM | 07 de dezembro 2019 > Ver



 

Dra. Rosa Neto

  • Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
  • Especialista em Gastrenterologia e Hepatologia.


 

Dr. Vítor Magno

  • Mestrado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
  • Diploma do European Board of Gastroenterology & Hepatology

O que é e como é realizada uma videoenteroscopia por cápsula (videocápsula)?

A videocápsula é um exame de diagnóstico simples, seguro e não invasivo que permite visualizar todos os segmentos do intestino delga­do. É um exame relativamente re­cente, tendo sido desenvolvido em 1999. Até esta data não existia outro exame imagiológico que permitisse avaliar toda a extensão do intestino delgado.

Esta videocápsula tem cerca de 0.5 cm x 2.5 cm e possui uma fon­te de luz e uma câmara que capta as imagens e as regista, através de sensores colocados no corpo do pa­ciente e de um recetor que fica preso à sua cintura.

A primeira etapa deste exame consiste em preparar o intestino, deixando-o limpo para que possa ser corretamente observado. A prepara­ção é feita recorrendo à ingestão de líquidos laxantes associados a uma dieta líquida no dia anterior ao exa­me. Este passo é fundamental para garantir que a superfície do intestino seja completamente analisada. Após a preparação do intestino, a cápsula é engolida com água e avança ao longo do tubo digestivo, propulsio­nada pelos movimentos digestivos normais. Ao longo de quatorze horas, a cápsula grava imagens do trajeto ao longo do intestino. Durante este exame, o paciente pode realizar a sua vida normal, não sendo neces­sário que permaneça no hospital. As imagens são depois processa­das e visualizadas num monitor pelo médico Gastroenterologista. Passadas 24 a 72 horas, a video­cápsula é eliminada naturalmente com as fezes.

Em que situações é realizada?

 A decisão sobre a necessidade de realizar qualquer exame de diagnós­tico é sempre tomada pelo médico, em função das características indi­viduais de cada paciente e das suas queixas ou doença.

Em regra, está indicada a sua rea­lização em diversas situações como: a hemorragia digestiva obscura (com endoscopia alta e colonoscopia nor­mais); a anemia por deficiência de ferro (sem causa esclarecida após estudo); o diagnóstico e classificação da doença de Crohn; a doença celía­ca refratária à dieta/complicada; o diagnóstico de tumores do intestino delgado; nas síndromes de polipose hereditárias; e ainda para esclareci­mento de alterações descritas em exames imagiológicos.

A título de exemplo, estudos na doença inflamatória intestinal re­velam que a videocápsula aumenta a acuidade diagnóstica da ileocolo­noscopia em 15% e da enteroTAC em 38%. Em doentes com colite inde­terminada, a cápsula endoscópica sugeriu o diagnóstico de doença de Crohn em 33-49% dos casos. Este é assim um exame particularmente útil no diagnóstico mais precoce de algumas doenças.

Que limitações tem?

Como qualquer outro exame mé­dico, a videocápsula tem as suas li­mitações, não permite por exemplo, obter amostras ou realizar simulta­neamente qualquer procedimento terapêutico. E tem também contrain­dicações, entre as quais se incluem a existência ou suspeita de estenoses, obstruções intestinais ou fístulas. Em caso de gravidez, deverá discutir o seu caso com o médico.

 

Quando tempo demora?

A realização de uma videocápsula demora em média cerca de quatorze horas. A cápsula é eliminada passa­das habitualmente 24 a 72 horas da sua deglutição.

Existem efeitos secundários, ris­cos ou complicações associados à realização de uma videocápsula?

 Dado o seu excelente perfil de se­gurança, maior tolerabilidade, pos­sibilidade de avaliação completa do delgado e a sua elevada capacidade diagnóstica, a videocápsula endos­cópica é o melhor método não-in­vasivo para avaliar o intestino del­gado. No entanto, existem alguns riscos associados a este exame, tal como acontece com qualquer outro em que sejam usados aparelhos ou medicamentos. O maior risco asso­ciado à sua realização é a retenção da videocápsula no tubo digestivo, o que pode resultar na necessidade de realizar um exame de raio-X para a localizar e/ou identificar a causa desta ocorrência, e eventualmente de realizar uma enteroscopia de du­plo balão ou em caso extremo, uma intervenção cirúrgica, para a retirar. No entanto, na grande maioria dos casos (99%) a videocápsula é eli­minada sem problemas.

Para reduzir o risco de ocorrên­cia de complicações é também fun­damental que o seu médico este­ja informado sobre alergias, outras doenças presentes ou tratamentos em curso.